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11/03/2008

Papo cabeça






A invasão colombiana ao território equatoriano causou uma grande polêmica e muitas perguntas ficaram no ar. A equipe do Nossoblog2.0 bateu um papo cabeça com o idealizador do site www.latinoamericano.jor.br Alexandre Barbosa (foto ao lado), jornalista formado pela UMESP (turma de 97), mestre em Ciências da Comunicação pela USP (2005) e especialista em jornalismo internacional pela PUC-SP (2000). Atualmente é professor universitário de cursos de comunicação social e consultor em comunicação institucional.




Nós: Há possibilidades de ocorrer um conflito armado na nossa América do Sul, ja que Chávez, com sua prepotência e arrogância quer guerrear em pleno século XXI? Colômbia invade Equador. Por que Chavez tomou partido? Qual sua opinião sobre a ação dos Colombianos em território equatoriano?


Barbosa: Não vejo nenhuma prepotência ou arrogância nos discursos nem de Chávez nem de Rafael Correa. Nesse caso, é preciso entender qual o papel que a Colômbia desempenha. Há anos, desde a primeira eleição de Uribe, que os EUA aplicam no país, o chamado Plan Colômbia. Trata-se da utlização do território colombiano para tropas norte-americanas, que se utilizam até de desfolhantes. O argumento é o combate ao narcotráfico, mas na verdade a Colômbia se transformou numa espécie de paredão contra o avanço de governos populares e nacionalistas na América do Sul. Portanto, as atitudes de Uribe podem ser encaradas como reflexos das intenções norte-americanas. É natural, portanto, que governos que se contrapõem aos EUA não se sintam confortáveis com ações militares apoiadas pelos norte-americanos. Como Equador e Venezuela são parceiros na ALBA, é natural que ambos se ajudem contra o que consideram uma agressão.




Nós: Qual é o objetivo socio politico que chavez tem financiando as farc?


Babosa: É natural a esquerda, ou movimentos nacionalistas, receberem apoio de outras instituições e países. Isso sempre aconteceu. As FARC não são, necessariamente financiadas, mas recebem tratamento de grupo rebelde e não de terroristas, como o governo colombiano as trata.




Nós: A posição do Brasil, em não comentar as declarações de Chavez e sugerir uma comissão investigadora,foi a melhor a ser tomada? Caso uma guerra realmente acontecesse, na sua opinião, qual deveria ser a posição do governo brasileiro?


Barbosa: O Brasil, nos últimos anos, adotou uma posição internacional muito progressista. Ele defende a integração sul-sul e tem valorizado os governos populares da América do Sul em troca da subserviência anterior em relação aos EUA. Portanto, acertou na condenação imediata da ação colombiana. Não acredito que uma guerra ocorra. O Brasil tem uma tradição na diplomacia e evitaria esse tipo de conflito.




Nós: Com relação a cobertura da imprensa, qual a sua opinião, com relação a abordagens, veracidade de fatos, informações e imparcialidade?


Barbosa: A imprensa cometeu alguns erros. Na tentativa de defender a Colômbia e criticar Venezuela e Equador, ela fez uma comparação desmedida. Uma guerrilha, por natureza, se desloca por toda as partes, pois não é um exército regular. O exército colombiano, no entanto, representa o estado colombiano, portanto não pode invadir outro país. Na cobertura da imprensa, no geral, houve uma tentativa de desqualificar os governos populares de Venezuela e Equador e não houve muita discussão sobre o que, de fato, ocorre na Colômbia. Nem uma linha sobre o Plano Colômbia foi citada na grande imprensa.

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