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29/02/2008

Me empresta um batom

Por Indira Lopes




Divulgação

Desde já, afirmo que AMO as diferenças que adoro estudar sobre todas elas e mesmo que minhas conclusões a tomem como uma forma bizarra, o melhor é interagir. Daqui também vou continuar o momento nostalgia de nosso colega Felipe e voltar ao túnel do tempo relembrando assim como a Amélia, a forma que os homens eram machistas e até mesmo grotescos.
Sentavam a mesa dos bares, tragavam seus cigarros e uísques ferozmente para demonstrar força e sagacidade enquanto trocavam idéias e jogavam baralho. No lar, comida na mesa, crianças limpas e uma escaldada de água quente nos pés eram mais que uma obrigação para a esposa, pois ela fica em casa e ele dando duro no trabalho.
Fim dos anos 60, boas vinda aos 70 e com esse começo de década, muita história que toma até hoje como conseqüência de nossa sociedade mais que dominada por padrões, que ainda não entendo, mas sim um tanto perdida. Foram liberações de paz e amor em praças públicas embaladas por clássicos como Janis Joplin e Jimmy Hendrix, pessoas contra as Guerras como a do Vietnã, mulher queimando sutiã, enfim o mundo nessa época em especial, passava por mutações que se agregam no nosso atual contexto de quem somos.

Mas o marco disso tudo, talvez até em controvérsia com o texto de nossa colega Thaís, as mulheres ganharam tanto espaço nesses intervalos de tempos que os homens resolveram lutar pelos nossos papéis. Indignado? Calma! Veja se não tenho razão.
Hoje são homens lutando por guarda dos filhos coisa que antes, a separação não era coerente nem à imagem do sexo então, frágil. E o melhor. A novidade desses últimos tempos é um tal de metrossexual. É extremamente necessário que os homens se preocupem com a saúde levando em consideração o louco mundo em que vivemos, hoje em dia é hipertensão, colesterol, diabetes, uma lista sem fim de todas essas neo doenças que precisam realmente de um cuidado maior.
No entanto, é engraçado meu irmão pegar emprestado meu creme de morango para passar nas pernas, outros até optam em desenhar a sombrancelhas, depilar-se, faz lipoaspiração, enfim. E um dia em uma balada, claro podem concordar comigo, balada alternativa, para ser exata, a LOKA localizada na região central da cidade de São Paulo, eu entrei no banheiro, diga-se de passagem que não há repartição entre feminino e masculino, até aí achei bárbaro,e, quando retocava minha maquiagem no espelho do banheiro, um cara lindo, mas lindo simplesmente pediu meu resto de batom rosa emprestado. Muito engraçado. Fiquei surpresa, óbvio, mas logo presenteie com o que sobrava, o simpático colega. As mulheres por sua vez, levantam prédios, tocam ônibus e caminhões e são chefes de família fazendo jus até que a história diz sobre os homens.
É muito interessante essas interações de papéis entre homens e mulheres, só que se pensarmos, a luta hoje não é pelo social, como nos tempos citados, o qual a economia evoluía e era necessário que saíssem homens e mulheres para trabalharem e trazerem pão para o lar. Hoje é tudo estereotipado. Somos frutos de um medíocre padrão que exige beleza enquanto muitos passam fome. Ambos os sexos ganharam sim seu espaço,e hoje até se difundem entre si, mas a sociedade que se dispersou com os hippies, que lutavam pelos ideais coletivos, caíram junto com os entulhos do muro de Berlim, que firmou o mundo individualista e capitalista o qual vivemos.
Vaidade é bacana quando se tem uma leve dosagem cotidiana, mesmo que seja um empréstimo de brilho labial para a amiga ou para o amigo, agora não sejamos cretinos o bastante em colaborar com um assistencialismo de Fome Zero e logo em seguida fazermos um implante nos bustos. Confesso que estou sim perdida nesses valores estapafúrdios desse século XXI. Nessa até prefiro estar com nosso Raul Seixas: Quem não tem colírio usa óculos escuros.



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